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2025 / offline

Voltando a ser mais analogica

O analógico do título não é para ser interpretado apenas no sentido técnico da palavra. Embora eu prefira relógios de ponteiros a relógios digitais, não é exatamente sobre isso o post de hoje. Quando escrevi esse título pela primeira vez na minha agenda física, queria que trouxesse a ideia de voltar a sentir o mundo no ritmo humano, sem tantos aspectos das máquinas, percebe?

Tenho aprendido que as coisas físicas que nos rodeiam nos ancoram na realidade, ajudando-nos a desacelerar desse ritmo frenético que, pouco a pouco, estamos enraizando em nossa vida cotidiana. Quando vivemos com menos mediação das telas e do digital, sentimos muito mais as coisas, ganhamos consciência. Não estamos apenas nos enchendo de informações vazias e sem significado, estamos experimentando algo com textura, com presença, com o toque das mãos.

As coisas concretas não estão presas nas nuvens que criamos para armazenar o que é nosso.

Infelizmente, já não absorvemos o que consumimos, porque estamos consumindo em excesso e sem consciência. Acostumamo-nos a ver arte em carrosséis do Instagram, passando imagens na velocidade da luz, sem entender, sem absorver, sem perceber. É impossível visitar uma exposição de arte em uma galeria e, em menos de dez segundos, finalizar o tour. Então por que normalizamos essa rapidez e superficialidade com que consumimos arte na internet?

Ouvir música também tem se tornado algo quase inexpressivo. Não prestamos mais atenção nas letras, apenas seguimos as playlists mais populares e nem nos damos conta do contexto em que elas foram criadas, da história por trás das palavras, da vida do autor, do álbum ao qual pertencem.

Assistir filmes e séries então, nem se fala. Abrimos a Netflix, olhamos os “Top 10” do país ou as sugestões automáticas baseadas no histórico, e escolhemos qualquer coisa para ver.

A verdade é que não queremos gastar tempo para encontrar o que vamos consumir. É mais fácil seguir o que já está ao alcance. Visitar uma galeria de arte é difícil, escolher um disco de vinil demora tanto que até passa a vontade de ouvir música, ir a uma locadora de filmes já soa fora de moda.

Livros físicos ocupam espaço, juntam poeira, as folhas amarelam e rasgam com o tempo. Sem falar que precisamos ir até uma biblioteca, livraria ou sebo, ficar longos minutos olhando lombadas e capas até escolher um ou dois para levar. É muito mais cômodo abrir o TikTok, ver os livros do momento e baixar no Kindle.

Essas desculpas nos fazem digitalizar cada vez mais o que poderia ser mantido, pelo menos em parte, de forma manual, como uma experiência concreta. Então deixamos de olhar nos olhos das pessoas para nos relacionarmos por mensagens, tiramos milhares de fotos e deixamos tudo na galeria do celular, ou no máximo partilhamos uma ou outra nas redes sociais, sem ao menos revelar algumas para guardar em álbuns. Deixamos de escrever à mão para anotar no bloco de notas, paramos de pensar porque o ChatGPT tem ideias mais rápidas que as nossas. Infelizmente, essa tem sido a nossa realidade. E nem é só sobre arte.

Não quero com este texto dizer para você abandonar a internet, não é isso. Mas quero te convidar a voltar a fazer as coisas sem tantas telas no meio, sabe? Viver com as duas mãos no presente. Criar memórias físicas que tenham cheiro, textura e som.

Pesquisando sobre um dos temas que citei, descobri que escrever à mão nos ajuda muito mais a memorizar, focar e despertar a criatividade do que escrever com o auxílio do digital. Isso porque o cérebro entende a ação como algo importante: movimentamos mais músculos e processamos com mais calma. O contrário acontece quando escrevemos no computador ou celular. É mais rápido, mas o que retemos é pouco, e o processamento é superficial.

Por isso, do lado de cá, tenho buscado ter mais experiências táteis, guardando o tempo nas coisas. Escrever à mão o máximo que eu puder. Ter agendas físicas para organizar o dia. Ouvir músicas em discos que escolhi com cuidado. Ler livros físicos, folhear páginas, dobrar orelhas, sublinhar o que me marcou. Assistir mais filmes no cinema. Conversar com as pessoas fora das telas. Revelar fotos e montar álbuns que possam ser tocados, revisitados.

Ser mais analógica, pra mim, tem sido um jeito de me lembrar que a vida não é só para ser vista, é para ser sentida. Espero que este texto te inspire a viver com mais calma e consciência, para que possas realmente absorver as coisas palpáveis da vida. Se esse post te tocou de alguma forma, me deixe saber nos comentários, vou amar ler.

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Com carinho, Lari.

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