Ontem foi meu aniversário e, diferentemente de tudo o que já compartilhei nas inúmeras legendas de fotos postadas nessa data, contei uma breve história de um fictício café comigo mesma de 10 anos atrás, aproveitando a trend que está rolando no Instagram e que me deixou reflexiva ao longo dessa semana.
Neste post, quero aproveitar para acrescentar algumas coisinhas pontuais, mas que não consegui adicionar na versão resumida do que postei nas minhas redes sociais neste 14 de fevereiro de 2025.
Sem mais delongas, vou disponibilizar o que escrevi, adicionando algumas coisas a mais no parágrafo a seguir. Desfrutem da leitura e sintam-se inspiradas a fazer o mesmo do lado daí.
Capítulo 25 da minha própria história
“Me encontrei com a Larissa de dez anos atrás para um café, e ela, na verdade, pediu um milkshake de Ovomaltine e batata frita, pois não era muito fã dessa coisa de sair para tomar café entre amigas. Eu, por outro lado, pedi um cappuccino sem açúcar, com bastante canela e um croissant amanteigado bem fresquinho, apesar de ter ficado tentada a pedir uma enorme fatia de bolo de chocolate. Mas me contive, afinal, aos 17 anos descobri que era intolerante à lactose e, desde então, tenho tentado evitar o máximo que consigo e, quando me permito, não piso o pé na jaca completamente.
Fisicamente, não mudou muita coisa entre nós. A altura, o número do calçado e o manequim não variaram nadinha desde então. E, apesar de o rosto também não ter mudado tanto, nosso sorriso estava bem diferente, graças a ter finalmente concluído o tratamento odontológico há quase quatro anos. O cabelo dela, perto do meu aos 25 anos, parecia com o da Rapunzel, de tão grande e volumoso, ainda que alisado. Ela vestia um vestido preto de alcinha com bolinhas brancas, com uma saia evasê na altura próxima ao joelho, calçava uma Melissa de sapatilha nos pés e, claro, tinha uma bolsa pendurada no ombro.
A Larissa de dez anos atrás ficou surpresa ao me ver de calça mais larguinha, estilo mom, branca, pois seu terror eram as calças. Detestava o fato de a moda ser a favor de calças skinny na época e não ter tantas curvas que valorizassem o uso, por isso preferia sempre usar saias e vestidos que dessem um volume, algo que hoje em dia não me incomoda tanto, graças aos poucos quilos que ganhei desde então e pela moda ser a favor de calças que não marcassem tanto. Ufa! Que sorte a minha e privilégio. Vestia também uma blusa marrom e um blazer pied-de-poule clarinho, uma bolsa transversal bege e um par de tênis da Fila.
Cheia de vergonha, ela puxou uma cadeira e se sentou, preocupada com as pessoas olhando ao seu redor. Eu, mesmo tendo vergonha, tento não transparecer e me mantenho confiante o máximo que consigo. Me sentei à sua frente, e ela ficou surpresa ao notar que eu carregava comigo um caderno e uma caneta, que deixei sobre a mesa com cuidado, afinal, o sonho dela era ser escritora e também sempre estava rodeada de muitos papéis e canetas por todo lado, mas não saía por aí falando isso para todo mundo.
Iniciei a conversa, enquanto esperávamos nosso pedido, contando para ela que me tornei não só escritora, mas também uma escritora cristã, que escreve histórias com o propósito de tornar o nome de Jesus ainda mais conhecido. Coisa que ela nem sabia que era possível na época, mas tinha a consciência de que não queria escrever histórias com assuntos que fugissem dos seus princípios.
Falei para ela sobre como Jesus me encontrou verdadeiramente quase aos 16 anos e me fez perceber que Deus não tem netos, e sim filhos, e como isso virou a chavinha em nosso relacionamento. Algo que, para ela, ainda não era tão claro assim. Mas já deixei avisado que seriam necessárias algumas perdas para que ela finalmente percebesse que tudo o que ela tem é Jesus e que Ele nunca a abandonará.
Percebi um certo desconforto em seu olhar, afinal, ela achava que tudo seria perfeito em sua jornada, mas a expressão logo suavizou quando disse que valeria a pena todas as lutas e todas as dores que iria enfrentar. Contei também sobre as bênçãos que tenho vivenciado por estar vivendo uma vida que agrada a Ele e como todas as dores se converteram em testemunhos dos quais consigo compartilhar por meio da escrita hoje com tantas pessoas.
Enquanto tomava um gole do seu milkshake de Ovomaltine, ela balançou a mão em frente ao rosto, parecendo se lembrar de algo. Sorri. Ela era tão alegre, apesar de estar envolvida em vergonha e timidez. Me perguntou então sobre um assunto que eu passaria horas e mais horas conversando. Então, atualizei-a sobre os livros da Paula Pimenta, a saga de Fazendo Meu Filme e Minha Vida Fora de Série, os livros que nos fizeram apaixonar por histórias bem escritas de romance. Contei também que assisti ao filme de FMF, lançado exatamente no dia do meu aniversário de 24 anos, e precisei me segurar muito para não contar muitos spoilers, mesmo que o filme tenha sido bem fiel ao livro 01.
Conversamos sobre futilidades. Dei alguns conselhos para que ela começasse a aceitar melhor o seu corpo, buscar desenvolver alguns hobbies, focar em seu canal no YouTube de verdade, estudar idiomas, continuar guardando dinheiro, se alimentar bem e de forma saudável, focar na qualidade das amizades, não na quantidade, buscar fazer perguntas produtivas às pessoas e aproveitar ao máximo a companhia dos seus pais enquanto os tinha por perto.
Entre uma conversa e outra, compartilhei que finalmente realizei o nosso sonho ao lado da minha pessoa favorita – que, obviamente, ela tinha reparado na aliança que estava em meu dedo anelar esquerdo – que era conhecer Paris. Ela só faltou gritar para todo mundo ouvir de tanta empolgação. Nós conseguimos! Passamos vários minutos olhando as fotos e vídeos no meu iPhone 12, que ela também olhou abismada ao constatar que eu finalmente tinha um.
Por fim, nossa conversa nos levou a como, em dez anos, eu mudei tanto, mas ao mesmo tempo continuei com a mesma essência de quando ainda era menina. E assim é a vida. Sou grata pela Larissa de dez anos atrás por não ter desistido, mas ainda mais pela que está completando 25 anos hoje, pois é ela quem está correndo atrás dos sonhos. Ficamos as duas olhando uma para a outra com orgulho de quem se dispôs a ser em cada estação, até que nos despedimos com um abraço desajeitado e cada uma foi viver sua própria estação.”
Sei que, se eu realmente pudesse ter tido uma conversa com a Larissa de 15 anos, dez anos atrás, com a cabeça que tenho hoje, muitas coisas teriam sido diferentes, mas, ao mesmo tempo, não teria vivenciado tantas coisas que me agregaram muitas bagagens – umas não tão agradáveis quanto outras – mas que, ao mesmo tempo, me deram repertório para ter tantas conversas produtivas, escrever tantos textos e criar histórias que alcancem as pessoas. Isso não tem preço.
Espero que de alguma forma este simples texto tenha te inspirado de alguma forma a refletir um pouco sobre sua jornada até aqui e também a ser grata por tudo o que te forjou a ser quem você é hoje. Caso deseje me acompanhar mais pertinho, estou postando com frequência no meu canal no Youtube, com reflexões como essa que vão te fazer refletir ainda mais sobre a vida. Clique aqui para se inscrever no canal e ficar por dentro de tudo.
Compartilhe com quem você gosta, com carinho, Lari.
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