Nos últimos meses, semanas e até dias, tenho aprendido na marra sobre o significado de abrandar. Para alguém que sempre foi muito ativa e intensa em tudo o que se propunha a fazer, confesso que não é algo tão fácil como parece. Entretanto, tem sido mais do que necessário nessa parte da minha jornada, assim como muitas vezes colocar os pingos nos ‘is’ se torna indispensável. Neste texto de hoje, quero abordar com vocês como tem sido esse tempo do lado de cá, trazendo algumas reflexões bem vívidas na minha cabeça.
Porém, antes de irmos a fundo neste assunto, preciso lembrá-las do significado da palavra abrandar segundo o dicionário. De acordo com o dicionário da Oxford Languages, abrandar significa: “tornar(-se) menos intenso; atenuar(-se), enfraquecer(-se)”, o que comumente resumimos na palavra “desacelerar”, que traduz muito bem todo o contexto da palavra. Mas, como disse anteriormente, esse tipo de comportamento — sobre desacelerar, fazer as coisas com menos intensidade — não era muito bem o meu forte, apesar de ser mais calma e tranquila. Por isso, tem sido um processo bem diferente, onde tenho aprendido todos os dias ensinamentos que, com certeza, quero levar para a vida toda.
Aprender a abrandar não é uma meta que se conclui em apenas um dia. Pelo contrário. Fazem vários meses que tenho estado neste limbo de buscar tornar as coisas menos intensas do lado de cá e, pra ser sincera, tenho falhado dia após dia. Mas ouço quase que um sussurro em meus ouvidos todos os dias: É tempo de abrandar.
Eu sempre fui o tipo de pessoa que não consegue ficar parada. Faço multitarefas com grande maestria. Não costumo ter preguiça, e descansar é algo que sempre deixei muito bem regrado: apenas 8 horas por dia, nada mais. Entretanto, nos últimos meses, algo inédito aconteceu. Pela primeira vez na vida, eu tive vontade de recalcular a rota — sendo mais específica, queria parar tudo o que vinha fazendo, para perceber algumas coisas. De certa forma, a minha identidade estava atrelada às coisas que eu estava fazendo, e tirar a importância dessas coisas, ajustar o foco e recalcular a rota fragmentaram a minha identidade. Me mostrando que eu não sou aquilo que eu faço ou deixo de fazer. A minha identidade está firmada em Cristo. Se eu olho para mim achando que é em mim que eu encontro as respostas ou a satisfação, existe um grande problema aqui.
Agora, se eu volto os meus olhos para Ele, ah, não são as coisas que eu faço que me tornam alguém valiosa. Não. E é aqui que abrandar faz total sentido. Assim como Paulo diz em uma de suas cartas: é em nossa fraqueza que o poder de Deus se aperfeiçoa em nós. Não é quando estamos fortes, até mesmo porque nunca estaremos se não estivermos ancorados nEle. Abrandar também significa enfraquecer-se, ou seja, assumir que nós não somos super-heroínas que vamos dominar o mundo e conquistar tudo num passe de mágica ou com superpoderes.
Mesmo não entendendo ao certo o que iria aprender e como as coisas iriam se desencadear, eu passei meses sem escrever nenhuma palavra — sejam para os posts aqui do blog, sejam para os livros de ficção cristã que escrevo. Fiquei quase três anos da minha vida sem cantar dentro de casa, coisa que antes era algo diário. Precisei sair das redes sociais, me afastar de algumas pessoas e de conversas, simplesmente para abrandar, desacelerar, vivendo em slow down.
Sabe o que é interessante? Neste lugar, onde parece que as coisas estão caminhando a passos de tartaruga, é onde mais somos forjados. Onde o nosso interior é curado. Onde as nossas maiores batalhas não são sobre o externo, e sim relacionadas àquilo que está internamente.
Em um mundo agitado, onde é reforçado todos os dias sobre o quão produtivas precisamos ser, sobre como o tempo é valioso, sobre como é bom ter muitas habilidades e sobre exercê-las todas ao mesmo tempo, aprender a abrandar é precioso demais. Tenho compartilhado sobre isso no meu canal do YouTube — caso queira acompanhar mais de pertinho, clique aqui para ficar por dentro dos conteúdos falados. Mas o cerne da história está em como é importante nos darmos conta dessa realidade e, de fato, aprendermos a fazer o contrário do que o mundo tem dito a nós. As coisas mais bem feitas levam tempo a serem construídas.
Não se constrói um palácio de um dia pro outro. Um relacionamento. Uma receita. Um hábito.
Tudo leva tempo, e abrandar, desacelerar, deixar menos intenso é sempre um lembrete de que nós estamos sendo responsáveis pelo nosso crescimento e evolução a longo prazo — que, com toda certeza, será duradouro.
Espero que esta reflexão tenha feito sentido do lado daí. Me deixe saber nos comentários seus pensamentos acerca disso. Não deixe de me acompanhar no YouTube, onde tenho compartilhado vários conteúdos para te inspirar a viver uma vida ainda melhor, com menos telas e mais qualidade de vida.
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