Talvez por estarmos acostumados a ver tantas pessoas pregando sobre acertarmos sempre, buscarmos melhorar a cada dia e ter como ambição a perfeição nós falhamos em perceber a nossa humanidade também precisa ser assumida.
O nosso objetivo nunca vai ser em nos tornarmos os heróis da história. A Bíblia mesmo diz que de nada vale ganhar o mundo inteiro e perder a nossa própria alma. “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos 8:36). Isso implica em assumirmos a nossa humanidade, entendendo que não somos os donos da verdade, muito menos o salvador do mundo.
Precisamos sim fazer a nossa parte no que diz respeito a pregar o evangelho, servir ao Senhor de todo o nosso coração mas não podemos nos esquecer que ainda que venhamos dar o nosso melhor, ainda assim seremos falhos. Porque perfeito só existe um que é Deus. Nós vivemos nesse mundo buscando melhorar, buscando a santidade mas todos os dias demonstramos a nossa humanidade por meio das nossas ações, até mesmo para com Deus.
Parece estranho, eu sei, mas senti fortemente o Senhor soprar esse assunto aos meus ouvidos para que pudesse escrever. Julgamos muito o outro, mas não percebemos que também julgamos uns aos outros. Queremos ser santos, sem assumir que falhamos inúmeras vezes. Expomos sempre os nossos acertos. Compartilhamos aquilo de melhor que fazemos, subimos ao púlpito e enchemos a nossa boca para falar coisas boas, dizer bons hábitos que temos espiritualmente falando. Mas se tem algo que temos dificuldade é de expressas as nossas mazelas.
Ocultamos. Guardamos para nós mesmos, com o único objetivo de parecermos certinhos e corretos em todas as coisas. Porque temos tanta dificuldade de expor os nossos pecados? Essa é uma pergunta retórica. Reflita sobre isso se possível por alguns instantes.
Falta em nós uma humildade em, não só dizer com palavras que somos falhos, mas em expor os nossos corações, assumindo de fato a nossa humanidade. Podemos fazer de tudo para mascarar isso, para passar uma imagem de que somos perfeitos. Mas sabemos, lá no fundo, que carregamos a humanidade dentro de nós, a nossa carne é pecadora, tendenciosa a fazer coisas ruins.
Acredite, muitas pessoas que estão em situação de ensinar algo ou que está a frente de determinada coisa grande, passam pelos mesmos problemas que eu e você passamos, ainda que esta não demonstre fragilidade, medo, angustia. Nós somos humanos e essas emoções fazem parte da nossa vida aqui na terra. Não podemos negá-las, guardá-las em um potinho e fingir que damos conta de tudo sozinhos.
Quantas pessoas não vão ao psicólogo por acharem que não devem se preocupar com isso. Quantos pastores deixam de buscar ajuda por quererem manter uma postura de super herói e não consegue guardar tudo isso dentro de si e acaba por tirar a sua vida? Quantas pessoas passam por N tipo de problemas e continuam com a cabeça erguida, não por confiarem em Deus muita das vezes, mas para mostrar que é inatingível para os que estão ao seu redor?
Não queremos mostrar nossas feridas enquanto estão abertas, guardamos isso dentro de nós. Nós somos todos seres humanos. Estamos nesse mundo enfrentando tribulações como o próprio Jesus disse que aconteceria. Mas não podemos nos esquecer que ainda que somos a imagem e semelhança de Deus, temos uma natureza humana, sentimos as coisas, passamos por lutas, enfrentamos gigantes e leões e Deus não espera de nós que venhamos ficar inabaláveis, porque só Ele é.
A nossa confiança nEle precisa ser inabalável, mas isso não nos ausenta de sentir e demonstrar as coisas, muito menos nos impede de buscar ajuda, reconhecer nossos erros e experimentar expor aquilo que está em nossos corações.
Eu e você não precisamos ter medo de assumir a nossa humanidade. De forma alguma. Muito menos de buscar ajuda e reconhecer nossas falhas.
Espero que esse texto tenha tocado o seu coração. Oro para que o Espirito Santo traga o entendimento daquilo que talvez ficou com alguma ponta solta e continue fazendo a sua obra em cada uma de suas vidas.
Leia também: Até quando o julgamento dos outros importa?
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